Escrito por Daniela Novais
Nesta
terça (28), a ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), disse que é importante valorizar os juízes e
magistrados que fazem um bom trabalho, que os que atuam de maneira
"séria e decente" não podem ser confundidos com "meia dúzia de
vagabundos que estão infiltrados na magistratura". A afirmação foi
feita na audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do
Senado. Em setembro de 2011, Eliana causou alvoroço após afirmar que
havia "bandidos escondidos atrás da toga".
A
ministra falou na CCJ sobre as razões da investigação do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda, a
pedido do CNJ, sobre as movimentações financeiras consideradas atípicas
entre magistrados, servidores do Judiciário e seus familiares. Houve
uma tentativa de barrar as investigações sobre o pagamento supostamente
privilegiado de auxílio-moradia e outras gratificações a magistrados,
através de uma ação proposta por entidades que representam juízes, que
acusaram o CNJ de vazamento de informações e quebra de sigilo bancário
e fiscal em processo administrativo, sem autorização judicial.
Durante
a audiência, Calmon debateu propostas da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) proposta pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO),
que pretende ampliar os poderes de investigação do CNJ de investigar e
punir juízes, autorizando o CNJ a usar provas sigilosas compartilhadas
de outras investigações e processos. A ministra afirmou que o mecanismo
é fundamental às investigações do Conselho e citou o exemplo dos
tribunais de Justiça de São Paulo e de Mato Grosso onde segundo ela,
boa parte dos magistrados não apresentam declaração de bens.
Demóstenes
Torres defendeu a atuação do CNJ e afirmou que não havia quebra do
sigilo fiscal de magistrados. "Não se trata de quebra de sigilo. Não se
está pedindo para grampear ninguém, são documento sigilosos já
existentes. Dados fiscais declaração de imposto de renda", afirmou.
Criado
em 2004, o CNJ tem a missão de planejar, fazer o controle e garantir a
transparência do trabalho dos magistrados. Para Eliana Calmon, a
deficiência das corregedorias locais demonstra a importância do papel
da corregedoria nacional. Durante a audiência, ela disse que, como
"toda a sociedade", o Poder Judiciário passa por um "esgarçamento ético
bastante acentuado".
Retomada – Calmon
afirmou ainda na audiência do CCJ, que jamais mandou quebrar sigilos de
desembargadores, como foi acusada e utilizou dados pedidos ainda pelo
ex-presidente do conselho, Gilmar Mendes, ao Coaf, quando houve a
pretensão de criar um controle de pagamento judicial, com informações
dos juízes e até de seus dependentes declarados no Imposto de Renda, o
que acabou não acontecendo. Para ela, a investigação que começou no ano
passado nos tribunais de Justiça deve ser retomada, para coibir esses
pagamentos elevados.
Nesta
quarta (29), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux
autorizou o CNJ a retomar parte da investigação sobre a evolução
patrimonial de magistrados e servidores do Poder Judiciário. A apuração
do patrimônio de juízes e servidores de 22 tribunais havia sido
suspensa em dezembro passado, por uma decisão liminar concedida pelo
ministro Ricardo Lewandowski, com relação à ação impetrada por
entidades representativas de magistrados. Fux assumiu a relatoria do
caso no início de fevereiro, porque ele já analisa uma ação semelhante.
A
autorização é para que a investigação seja feita com base em
declarações de imposto de renda entregues aos tribunais e em folhas de
pagamento, mas sem o uso das informações que constam no levantamento do
Coaf, que apontou movimentações financeiras "atípicas" no valor de R$
855,7 milhões.
Foto, Agência Senado.
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