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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Para o gay muçulmano, o armário tem sete chaves


A homossexualidade é assunto tabu na maioria dos países de tradição islâmica. Os únicos cinco Estados do mundo que condenam uma pessoa à morte por ser gay são muçulmanos. Na Espanha, por exemplo, onde a maior parte da comunidade islâmica é formada por imigrantes de primeira e segunda geração, os preconceitos continuam existindo e levam muitos a se esconder. Ao mesmo tempo, as vozes que reivindicam a harmonia entre o Alcorão e a realidade homossexual também começam a ser ouvidas.
- Quando sabemos que alguém é gay, ele é rechaçado e ignorado - admite o marroquino Achraf el-Hadri, de 27 anos e morador de Madri.
A presidente da União de Mulheres Muçulmanas da Espanha, Laure Rodríguez, vai mais além:
- Existe uma lesbofobia e uma homofobia generalizada dentro das comunidades muçulmanas em nosso país.
Os muçulmanos que tentam sair do armário costumam enfrentar um processo complexo, como explica Manuel Ródenas, coautor de um estudo sociológico e jurídico sobre a homossexualidade no mundo islâmico. Segundo ele, os gays de países árabes ou que imigraram para a Europa costumam viver em dois mundos: o da família, que não sabe de nada, e o dos amigos.
Laure Rodríguez descreve o processo de assumir a homossexualidade entre as mulheres muçulmanas como traumático e doloroso. E a primeira mensagem que recebem quando buscam ajuda ou informação, conta, é geralmente para que abandonem a religião.
A tunisiana Shiraz, hoje com 50 anos, conta que só se descobriu realmente quando chegou à Europa. Ela diz que sempre gostou de mulheres, mas que, como vicia em Túnis, não "sabia o que acontecia e tinha muitas dúvidas.
- Se ainda morasse na Tunísia, teria vivido um calvário ou teria escondido isso - afirma Shiraz, que não conta aos parentes sobre sua orientação sexual.
Na França, onde há imigrantes de até terceira e quarta geração, a associação de homossexuais HM2F luta desde 2010 pelos direitos dos gays.
- Não temos que abrir mão de ser muçulmanos por sermos homossexuais - afirma o fundador do grupo, Ludovic L. Mohamed Zahed, de 34 anos.
Para debater o assunto, Zahed organizou um congresso europeu, chamado Calem, que em sua segunda edição, em dezembro, reuniu 250 pessoas em Bruxelas. As conclusões foram apresentadas em conferências em Paris, Lisboa e Madri.


Fonte:Globo Online

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